por Stefan Salej
Guimarães Rosa, eminente diplomata e escritor, disse que Minas são várias. E nesta semana assistimos a pelo menos dois Brasis diferentes. Acabamos de fechar com chave de ouro a organização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Espetáculo que enche o coração e confirma a nossa capacidade de fazermos um evento que o mundo inteiro admira.
E, na semana seguinte, assistimos nas mesma telas de televisão a um outro espetáculo que é o debate no Senado federal sobre o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Precisa de comentário sobre como se apresentam os nossos desportistas, os organizadores da Olimpíadas, os milhares de pessoas que participaram do evento e o espetáculo no Senado? Não e não!
O próprio presidente da casa disse que parecia um hospício, degradando os nossos cidadãos com problemas mentais ao nível dos políticos que temos. E que nos elegemos. Nós lhes demos o mandato popular, do qual tanto se orgulham, para falar e dizer barbaridades e ter comportamentos que nos assustam e que nada têma ver com cada um de nós. Mas o show não terminou! Os debates na TV nas campanhas municipais não são muito diferentes. As mesmas pessoas de anos a fio na política se apresentam com frases vazias, palavras ocas, promessas que não tem nenhuma, repito nenhuma possibilidade de serem realizadas. Os problemas como desemprego, educação, saúde e outros mil continuam sendo debatidos com frases tão desgastadas que dá vontade de rir se não fosse trágico.
Nesse cenário, nenhum candidato a prefeito, e não ha exceção que confirme a regra, apresentou um projeto de desenvolvimento econômico para o município. Se temos desempregados, como vamos gerar empregos? Mas, temos plano diretor. Plano diretor é urbanismo e faz parte do plano econômico. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Vamos incentivar empreendedorismo. Frase mais desgastada e sem resultado prático porque isso já esta acontecendo há dezenas de anos e não é suficiente. E sem plano econômico não tem nem aumento de emprego e nem de renda (outra frase preferida dos candidatos).
E aí vem a pergunta: se os políticos não têm, qual entidade empresarial ou dos trabalhadores exigiu dos políticos que o fizessem? Todo mundo só tem sugestões que são mais as reivindicações do que sugestões. Aliás, alguém esta sugerindo reforma fiscal no nível do município?
Se o eleitor e suas organizações sociais não exigirem uma nova atitude e compromisso, o espetáculo do Senado será visto ainda pelos nossos bisnetos, a quem estamos deixando uma herança maldita dos nossos tempos: um modelo político que, com seus atores, está enterrando o nosso país .
*STEFAN SALEJ é consultor internacional, Ex Presidente do SEBRAE e da FIEMG Federação das Industrias de Minas Gerais . (artigo distribuído por REDE SINDIJORI DE COMUNICAÇÃO-Sindicato dos Proprietários de Jornais e Similares do Estado de Minas Gerais)